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segunda-feira, 30 de abril de 2012

ADULTOS - LIÇÕES 01, 02, 03, 04 E 05 - 2º TRIMESTRE


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Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Cortês / PE
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Gestor local: Ev. Severino Amaro
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Dirigente da E.B.D. Matriz : Aux. Osvaldo Feijó
Vice Dirigente: Aux. Francisco de Assis
Secretárias da E.B.D. : Gecilene e Enezita
Coordenação Pedagógica: Jaelson
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Lição 01 - Apocalipse, a revelação de Jesus Cristo

INTRODUÇÃO

I. O LIVRO DO APOCALIPSE
II.  AUTORIA, DATA E LOCAL
III. APOCALIPSE, O LIVRO PROFÉTICO DO NT
IV. A LEITURA DO APOCALIPSE


APOCALIPSE

Por Stanley M. Horton

“Revelação de Jesus Cristo” (Ap 1.1) é o título inspirado pelo Espírito Santo para o livro de Apocalipse. “De Jesus Cristo” pode significar “por”, “de” ou “a respeito de” Jesus Cristo. Três sentidos se encaixam aqui. O que neste livro temos é um novo e excitante quadro de Jesus. Apesar de ser o mesmo Jesus dos evangelhos e do restante do Novo Testamento, em Apocalipse mostra-se triunfante. Somente Ele é digno de desatar os selos do livro da ira de Deus. Cumpre as profecias do Antigo Testamento referentes ao Dia do Senhor, trazendo tanto o julgamento como a restauração. Ele reivindica a justiça divina e completa a consumação do grande plano redentivo de Deus. Todavia, é ainda o Cordeiro de Deus no último e derradeiro cumprimento do governo divino na nova Jerusalém, no novo céu e na nova terra.

O livro informa-nos ter sido esta revelação de Jesus Cristo dada a João enquanto o evangelista era prisioneiro na Ilha de Patmos. Sua mensagem foi inicialmente direcionada às sete igrejas da Ásia. Estas comunidades cristãs foram, provavelmente, fundadas por Paulo durante seu ministério em Éfeso (At 19.10,20).

Características Literárias

Os eruditos identificam o estilo literário deste livro como apocalíptico. “Revelação” em Ap 1.1 é “Apokalupsis”, no grego; tem o sentido de “desvendar, descobrir, revelar”. Sua revelação de Jesus relaciona-se ao desvendamento dos segredos dos fins dos tempos. Muitas das verdades reveladas neste livro estiveram escondidas até este tempo. Outros tipos de literaturas apocalípticas são encontradas no Antigo Testamento, especialmente em Ezequiel e Daniel. Tais literaturas são marcadas por imagens simbólicas e visões dramáticas e previsões sobre o final dos tempos. O Apocalipse, contudo, indentifica-se a si mesmo como uma profecia (Ap 1.3; 22.7,10,18,19). É ordenado a João que escreva o que vê. O livro tem muitos pontos em comum com outros do Antigo Testamento. À semelhança dos livros proféticos, contém não somente profecias, mas cartas, discursos, diálogos, cânticos e hinos.

Os cânticos e hinos são proeminentes por causa da presença e da glória de Deus Pai e do Cordeiro que inspira adoração (veja 4.8,11; 5.8-13; 7.9-12; 11.15-18; 15.2-4; 19.1-8).

A linguagem do livro reflete o estilo dos escritores proféticos do Antigo Testamento. Na Ilha de Patmos, João deve ter meditado muito nas profecias, especialmente nas de Daniel, Ezequiel e Zacarias. Todavia, nenhuma delas é citada diretamente. As criaturas viventes do Apocalipse 4.5, por exemplo, são descritas com linguagem similar à das criaturas de Ezequiel 1. Neste, as criaturas são idênticas uma às outras. Em Apocalipse, entretanto, elas são diferentes uma das outras. Portanto, as criaturas de Apocalipse não são as mesmas descritas por Ezequiel. João está registrando uma nova revelação.

O livro é caracterizado também pelo uso de números, especialmente o sete: sete cartas, sete bênçãos (Ap 1.13; 14.13; 16.15; 19.19; 20.6; 22.7,14), sete selos, sete trombetas, sete trovões, sete taças. As sete cartas apontam para os eventos do final dos tempos. Os setes selos antecipam tais eventos. As sete trombetas trazem julgamento parcial, e antecipam o julgamento mais completo das sete taças da ira de Deus. As sete bênçãos e os sete trovões reforçam as promessas e os julgamentos divinos. Sete é considerado número sagrado, pois Deus descansou no sétimo dia. O sete, em Apocalipse, enfatiza que os propósitos divinos estão sendo executados.

As várias sequências do número sete são seguidas por três visões do fim: o fim do sistema mundial de Babilônia, o fim do Anticristo e seu reinado, e o fim de Satanás e seu domínio. Então, todo o povo de Deus será reunido para estar em glória com Cristo na Nova Jerusalém. As diversas partes do livro são amarradas por repetições que dão suporte a todo o material, e atraem a nossa atenção à necessidade de se focalizar o livro como um todo.

A expressão “eu vi” frequentemente introduz uma mudança no cenário, ou algum item novo no livro. Trovões, vozes e terremotos são mencionados em importantes pontos do livro (ver Ap 4.5; 8.5; 11.19; 16.18). Os interlúdios também são uma marca do Apocalipse, e ajudam a entrelaçar a mensagem de todo o livro numa unidade perfeita. Os interlúdios, ou parênteses, são encontrados de Ap 7.1 a 8.1, entre o sexto e o sétimo selo; e no capítulo 10.1 a 11.14, entre a sexta e a sétima trombeta. Também há personagens e anjos introduzidos entre as trombetas e as taças. Os sete trovões do capítulo 10 são importantes, pois deixam-nos cientes de que algumas coisas hão de acontecer, as quais nos são agora reveladas. Consequentemente, fica claro que o Apocalipse não é uma fotografia completa de tudo o que há de ocorrer no futuro. Há coisas que estão sob autoridade do Pai, e que não foram nem o serão reveladas até que se tornem realidade (At 1.7).

Além disso, algumas coisas são colocadas a partir de uma perspectiva celestial, e outras são postas sob uma ótica terrena. A queda de Babilônia, por exemplo, é anunciada no capítulo 14; mas, nos capítulos 17 e 18, são-nos dados mais detalhes do evento. O livro é igualmente cheio de contrastes, os quais classificam os caracteres e os símbolos; todos eles olham à frente, ao triunfo final de nosso Deus e do seu Cristo.

Texto extraído da obra “Apocalipse: As coisas que brevemente devem acontecer”, editada pela CPAD. 

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LIÇÃO 02 – A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO
 
INTRODUÇÃO
Durante a sua vida, o apóstolo João contemplou ao Senhor Jesus de diversas maneiras. Ele O viu como homem, às margens do mar da Galileia, quando foi chamado para segui-LO (Jo 4. 21,22); também revestido de glória, quando Ele transfigurou-se (Mt 17.1,2); viu a Jesus como o cordeiro de Deus, quando Ele foi crucificado (Jo 19.26); e da mesma forma a Cristo depois que Ele ressuscitou (Jo 20.19-26); e quando Ele foi e ascendeu ao céu (At 1.9-11). Porém, uma das experiências mais gloriosas de João foi a visão do Cristo Glorificado, registrada no primeiro capítulo do livro do Apocalipse.
No entanto, antes de explicar sobre esta maravilhosa experiência do apóstolo João na ilha de Patmos, estudaremos, embora resumidamente, sobre a encarnação, morte, ressurreição e ascensão do Senhor Jesus Cristo.
 
I – A PESSOA E OBRA DE DE CRISTO

As Escrituras afirmam que Deus criou o homem reto (Ec 7.29), pois, ele foi criado à imagem e semelhança do próprio Deus (Gn 1.26,27). Porém, por causa do pecado (Gn 3.1-24) todos os homens tornaram-se destituídos da glória de Deus (Rm 3.23), marchando para a perdição eterna (Rm 2.5). Por isso, foi necessário que Jesus, o Filho de Deus, se humanizasse para aniquilar o pecado pelo seu próprio sacrifício (Hb 9.28; I Pe 2.24). Vejamos, então como se deu a encarnação, morte, ressurreição e ascensão de Jesus.
 
1.1. A Encarnação de Cristo. O apóstolo João inicia o evangelho falando acerca da eternidade de Cristo, o Verbo de Deus (Jo 1.1-3). Porém, no versículo 14 ele diz: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós...” o que significa dizer que Cristo, o Deus eterno (Rm 9.5), tornou-se humano (Fp 2.5-9). Foi por meio desse milagre que Deus introduziu no mundo o Primogênito (Hb 1.6); que fez com que Jesus viesse ao mundo em semelhança de carne (Rm 8.3). A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e os homens (I Tm 2.5) e ser o fiel sumo sacerdote, para expiar os pecados do povo (Hb 2.17).
 
1.2. A morte de Cristo. Durante Seu ministério, Jesus fez muitos milagres: Ele curou enfermos (Mt 8.16,17; 9.35; At 10.38); ressuscitou mortos (Lc 7.11-16; Jo 11.41-45); acalmou tempestades (Mt 8.24-26); multiplicou pães e peixes (Mt 14.13-20) e operou muitos outros sinais e maravilhas. Porém, uma das maiores e mais importantes obras realizadas por Ele foi a Sua morte na cruz do Calvário. Assim como o cordeiro pascoal no Egito foi degolado em favor dos hebreus (Ex 12.13,23), assim também Cristo, nosso “Cordeiro Pascoal” (I Co 5.7) foi sacrificado por nós (I Pe 3.18). Ele morreu como nosso substituto (Rm 5.6-8; 8.32; Gl 2.20; 3.13; Ef 5.25; I Ts 5.10; I Tm 2.6; Tt 2.14).
 
1.3. A Ressurreição de Cristo. A ressurreição física e corporal do Senhor Jesus Cristo é o fundamento inabalável do Evangelho e da nossa fé (I Co 15.13-23) e é também o milagre mais significativo das Escrituras, pois dela dependem todas as promessas para os crentes, bem como a esperança da vida eterna (I Co 15). De acordo com as Escrituras, a ressurreição de Cristo é uma Doutrina Fundamental do Cristianismo, pois, como diz o apóstolo Paulo, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação e a nossa fé (1 Co 15. 14); os apóstolos são falsas testemunhas (1 Co 15.15); nós permanecemos em nossos pecados (1 Co 15.17); os que dormiram em Cristo estão perdidos (1 Co 15.18); e os cristãos são os mais miseráveis de todos os homens (1 Co 15.19). Por isso, a ressurreição de Cristo é uma doutrina fundamental do Cristianismo (I Co15.4; II Tm 2.8).
 
1.4. A Ascensão de Cristo. Durante o Seu ministério, o Senhor Jesus falou diversas vezes sobre a sua ascensão, e que se assentaria à direita de Deus (Mc 14.62; Jo 6.62; 7.33; 13.33; 14.28; 16.5; 17.11). E, quarenta dias após a Sua ressurreição (At 1.3), à vista de seus discípulos (Mc 16.19; Lc 24.51), Ele subiu aos céus numa nuvem (Lc 24.51) e foi recebido em cima (At 1.3) como o Rei da glória (Sl 24.7-10). Ao retornar ao céu, Ele foi coroado de honra e de glória (Hb 2.7) e foi exaltado soberanamente (Fp 2.9), e encontra-se à destra do Pai a interceder por nós (Rm 8.34; Hb 7.25).
 
II – A VISÃO DO CRISTO GLORIFICADO

A palavra para Glória no grego é “Doxa” que é aplicada para descrever a natureza de Deus em sua automanifestação, ou seja, o que Ele essencialmente é e faz (Jo 17.5,24; Ef 1.6,12,14; Hb 1.3; Rm 6.4; Cl 1.11; 1Pe 1.17; 5.1; Ap 21.11). Já a palavra grega “Doxazõ” significa magnificar, engrandecer, atribuir honra, exaltar. (Mt 5.16; 9.8; 15.31; Rm 15.6,9; Gl 1.24; 1Pe 4.16). A visão do Cristo glorificado ocorreu quando João estava exilado na ilha de Patmos, por causa da Palavra de Deus e do testemunho de Jesus Cristo (Ap 1.9). João diz que foi arrebatado em espírito no dia do Senhor, e ouviu uma voz, como de trombeta, que lhe disse que escrevesse em num livro o que visse, e enviasse às sete igrejas da Ásia. Quando João virou-se para ver quem lhe falava, ele viu sete castiçais de ouro, e, no meio dos sete castiçais, um ser semelhante ao Filho do Homem (Ap 1.10-13). Vejamos, então a descrição joanina do Cristo glorificado e
seu significado:
 
2.1 Ele estava vestido até aos pés de uma veste comprida e cingido pelo peito com um cinto de ouro (Ap 1.13). A veste comprida de Cristo era uma vestimenta usada exclusivamente pelos sacerdotes e juízes no desempenho de duas funções. Isto aponta para a dupla função do Filho de Deus, como juiz e sacerdote (2 Tm 4.8; Hb 3.1). O cinto de ouro cingido a altura do peito era também usado pelo sacerdote quando este ministrava no santuário (Ex 28.8,27; 39.5,20).
 
2.2. Sua cabeça e cabelos eram brancos como a lã e como a neve (Ap 1.14). Certamente a cor dos cabelos de Cristo não significa velhice, pois ele morreu aos 33 anos de idade, e depois ressuscitou em um corpo glorioso e incorruptível, que não envelhece. Assim, a cor branca dos seus cabelos aponta para a sua divindade, santidade e eternidade (Dn 7.9)
 
2.3. Seus olhos eram como chamas de fogo (Ap 1.14). Os olhos como chamas de fogo fala da onisciência de Cristo, que tudo vê, conhece e perscruta. Diante dEle todas as coisas são nuas e patentes (Hb 4.13). Por isso, nas sete cartas às Igrejas da Ásia, Ele disse: “Eu sei as tuas obras” (Ap 2.2,9,13,19; 3.1,8,15).
 
2.4. Seus pés eram como latão reluzente, como se tivesse sido refinado numa fornalha (Ap 1.15). Na simbologia profética, os pés como latão reluzente tem dois sentidos. 1º) Fala do sofrimento de Cristo, pois Ele passou pela fornalha do sofrimento, e foi provado no fogo do juízo de Deus, sofrendo até a morte em lugar do pecador (Lc 22.44; Hb 5.7); 2º) Fala do seu poder para julgar. Ele mesmo disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra...” (Mt 28.18); e, o apóstolo Paulo disse: “Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés” (1 Co 15.25).
 
2.5. Sua voz era como a voz de muitas águas (Ap 1.15). Isso fala do poder irresistível de Sua Palavra e de Sua autoridade. A voz de Cristo é poderosa, infalível e determinante. Isto fica bem claro nas cartas às igrejas de Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia, onde Cristo demonstra a Sua autoridade para elogiar, exortar, repreender, advertir; bem como em fazer promessas aos vencedores, e ninguém pode questionar ou contestar (Ap 2.1-3.22).
 
2.6. Na Sua mão havia sete estrelas (Ap 1.16). As sete estrelas na mão direita do Senhor são os “sete anjos”, ou seja, os pastores das sete igrejas da Ásia Menor (Ap 1.20). Isso mostra o seu cuidado com a liderança da Igreja. Estar nas mãos de Cristo significa estar guardado e protegido (Jo 10:28).
 
2.7. Da Sua boca saía uma espada de dois fios (Ap 1.16). A espada de dois fios representa a Palavra de juízo que sai de Sua boca. A espada é a única arma de guerra usada pelo Cristo conquistador, conforme (Ap 19.5). No livro do Apocalipse, Cristo não é apresentado como réu, como nos Evangelhos, e sim, como juiz (Ap 14.7; 15.4; 18.10; 19.2).
 
2.8. Seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece (Ap 1.16). A visão de João agora não é mais de um Cristo servo, perseguido, preso, esbofeteado, com o rosto cuspido; mas, do Cristo cheio de glória. Observe que as igrejas são castiçais; seus ministros são estrelas (Ap 1.20); mas o brilho do rosto de Cristo é como o sol, que supera o brilho dos candeeiros e das estrelas. Quando João viu a Cristo glorificado, caiu a seus pés como morto (Ap 1.17). Mas, o Senhor Jesus tinha uma palavra de ânimo para ele: “Não temas; Eu sou o Primeiro e o Último” (Ap 1.17). Com estas palavras, o Senhor Jesus não apenas lembrou a João que Ele estava vivo, mas também estava com ele em meio ao sofrimento. E não apenas isto.
João ainda tinha uma missão a realizar antes de sua morte: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Ap 1.19). João o apóstolo da revelação do final dos tempos, contemplou o Cristo Eterno (Ap. 1.17), Ressuscitado (Ap. 1.18-a) e Triunfante (Ap. 1.18-b) e o revelou as sete igrejas da Ásia. E hoje, a igreja de Cristo também é advertida, instruída e confortada com esta belíssima mensagem do Senhor!
 
CONCLUSÃO
Após a Sua ressurreição, o Senhor Jesus disse acerca do apóstolo João: “... eu quero que ele fique até que eu venha” (Jo 21.22). Muitos cristãos chegaram a pensar que João não morreria. No entanto, esta promessa do Senhor Jesus dizia respeito, exatamente, a Sua aparição a João na ilha de Patmos. Segundo os historiadores, esta gloriosa experiência ocorreu por volta do ano 90-96 d.C., quando os demais apóstolos já haviam morrido. No entanto, a promessa de Jesus à João estava firme: “... eu quero que ele fique até que eu venha”. E, naquela ilha, exilado e solitário, o Senhor Jesus apareceu a ele para lhe dar uma das mais gloriosas experiências de sua vida. Esta experiência foi registrada nas páginas da Bíblia, não apenas para que saibamos o que João viu, mas também, para alimentar a nossa esperança de um dia também ver o Cristo ressurreto.
 
REFERÊNCIAS
• BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
• ANDRADE, Claudionor de. Os Sete castiçais de ouro. CPAD.
• BERGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD.
• LOPES, Hernandes Dias. Estudos no livro de Apocalipse. Hagnos.
• SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
• VINE, W. E. Dicionário. Vine: o significado exegético e expositivo das palavras do AT e NT. CPAD.

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LIÇÃO 03 – ÉFESO, A IGREJA DO AMOR ESQUECIDO
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição estudaremos sobre a igreja de Éfeso, que tinha fidelidade na doutrina, pureza teológica, doutrinariamente sólida, forte e ativa, ainda que seu amor estivesse esfriado. Analisaremos informações como sua localização, fundação e líderes. Veremos ainda que esta igreja foi chamada a lembrar-se, arrepender-se, e voltar-se à prática das primeiras obras (Ap 2.5).
 
I - CONTEXTO HISTÓRICO – GEOGRÁFICO

1.1 Localização. O nome Éfeso significa “Desejável”. A cidade encontra-se no pequeno continente da Ásia Menor. Esta era a capital da província romana da Ásia. Com Antioquia da Síria e Alexandria no Egito, formavam o grupo das três maiores cidades do litoral leste do Mar Mediterrâneo. O templo da Diana dos efésios (At 19.28) foi considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Éfeso era conhecida, também, como o foco de adoração da deusa da fertilidade, Ártemis ou Diana (At 19.27). Historiadores calculam a população da cidade de Éfeso no primeiro século entre 250 e 500 mil habitantes.
 
1.2 Fundação da igreja. A igreja de Éfeso foi fundada por Paulo e, provavelmente, por Áquila e Priscila, por volta do ano 52 d.C. (At 18:18-28). “A mensagem de Paulo atingiu o coração de tudo o que aquele povo considerava mais precioso” (At 19.26). Paulo levou o Evangelho a esta cidade durante a sua segunda viagem missionária (At 18.19), e ensinou a Palavra de Deus ali, durante três anos (At 20.31). “Assim, a Palavra do Senhor crescia e prevalecia poderosamente” (At 19.20). Pelo menos duas vezes Paulo esteve nessa cidade (At 18.19 e 19.1). Em sua terceira viagem por aquela região, ele não chegou até lá, mas, estando em Mileto, “mandou a Éfeso chamar os anciãos da Igreja” (At 20.17). Durante a sua primeira prisão em Roma, Paulo escreveu a carta aos efésios, agradecendo a Deus o profundo amor que havia na igreja.
 
1.3 Liderança. Essa igreja recebeu duas cartas: uma de Paulo, a Epístola aos efésios (Ef 1.1-5), e outra de Cristo (Ap. 2.1-7). A primeira em 64 d. C., a segunda em 96 d. C. (SILVA, 1996, p. 29). “Na igreja de Éfeso […] estabelecida por Paulo e pastoreada por João (segundo a tradição cristã dos primeiros séculos), foi assistida por dois outros excelentes obreiros: Timóteo e Tíquico […] Éfeso era a igreja teológica por excelência” (ANDRADE, 2012, p.15 grifo nosso). A igreja de Éfeso era afortunada por ter tido o ministério de Paulo. A igreja tinha muitos inimigos, alguns ferozes como animais selvagens (1Co 15.32), e isso explica ainda mais a proximidade de Paulo com a congregação. Ser crente em Éfeso não era popular. Muitos crentes estavam sendo perseguidos e até mortos por não se dobrarem diante de César. Outros estavam sendo perseguidos por não adorar a idolatrada Diana dos Efésios.
 
II – CARACTERÍSTICAS DA IGREJA DE ÉFESO

A igreja de Éfeso, “Além de viver nas regiões celestiais, possuía um ministério completo” (ANDRADE, 2012, p.18). O NT diz que Paulo esteve em Éfeso, levando consigo Priscila e Áquila; e deixou-os ali (At 18.19); retornou mais tarde e desta vez permaneceu dedicado à pregação do Evangelho onde pregou a palavra de Deus por três anos (Atos 19:10; 20:31). “porque jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27). Pelo teor e conteúdo da Epístola de Paulo aos Efésios, observa-se que aquela igreja era muito espiritual. “[...] Dessa maneira, todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra sobre o Senhor Jesus, assim judeus como gregos " (At 19.10). Éfeso chegou mesmo a tornar-se o centro do mundo cristão. Vejamos o que encontramos nesta distinta igreja:
 
2.1 Uma igreja poderosa no combate aos falsos líderes (Ap 2.2-b). “[...] os que dizem ser apóstolos e o não são [...]”. Está em foco neste versículo, os chefes Gnósticos, que tinham arrogado para si o título de apóstolos de Cristo. Paulo diz que tais “[...] falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo” (2Co 11.13-b). Paulo os chamou de “[...] lobos cruéis, que não perdoarão ao rebanho” (At 20.29-a). A igreja de Éfeso não suportava os tais gnósticos, e, por isso, foi louvada pelo Senhor: “puseste à prova”. Esta expressão é o equivale no grego a “reprovaste-os”. Paulo já havia avisado os presbíteros dessa igreja sobre os lobos que penetrariam no meio do rebanho (At 20:29-30). A igreja de Éfeso tinha discernimento espiritual e tornou-se intolerante com a heresia e com o pecado moral.
 
2.2 Uma igreja poderosa na paciência e no trabalho (Ap 2.3-a). “...tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome”. É evidente que os que tem esperança, esperam. E, “os que esperam no Senhor renovarão as suas forças...” (Is 40.29, 31; Sl 89.19). A inatividade na vida espiritual é condenada por Deus. No livro de Provérbios fala-se do “preguiçoso” cerca de 17 vezes (Pv 21.25; 26.13). A igreja de Éfeso era conhecida pelas obras: perseverava no trabalho; não cansava no serviço de Cristo. Note como se repete a palavra “paciência”; eram perseverantes no lidar (v. 2 ), e perseverantes no sofrer (v. 3).
 
2.3 Uma igreja poderosa nas Escrituras, mas atrofiada na prática do amor (Ap 2.4). “...deixaste a tua primeira caridade”. A presente expressão não significa “declínio da fé” como alguns pensam, mas, antes, sugere um esfriamento no amor (Mt 24.12). Paulo chegou até a convidá-los a participarem da “...largura, e a altura e a profundidade” do amor de Deus, […] que excede todo o entendimento” (Ef 3.18-19). O desaparecimento gradual do amor fraternal no coração do salvo (Mt 24.12), tem como resultado, o abandono da “primeira caridade”. Pedro disse aos seus leitores: “...sobretudo, tende ardente caridade...” (1Pd 4.8). Se o cristão não tem amor, a vida espiritual também não tem sentido (1Co 13.3-4).
 
2.4 Uma igreja poderosa no combate as heresias (Ap 2.6). “[...] Tens, porém, isto: que aborreces as obras dos nicolaítas [...]” Os nicolaítas pregavam um evangelho sem exigências, liberal e sem proibições. Eles queriam gozar o melhor da igreja e o melhor do mundo. Eles incentivavam os crentes a comer comidas sacrificadas aos ídolos, ensinavam que o sexo antes e fora do casamento não era pecado e acabavam estimulando a imoralidade. Mas, a igreja de Éfeso não tolerou as obras dos Nicolaítas.
 
III – LIÇÕES APRENDIDAS DA IGREJA DE ÉFESO

O problema dos cristãos da cidade de Éfeso não foi uma questão de doutrina incorreta, mas, como vimos, de falta do primeiro amor (alegria da salvação, desejo de orar, de jejuar, de ler a Palavra, de louvar etc. Sl 51.12; 116.1). Eles abandonaram o seu primeiro amor e não lembravam dos grandes mandamentos que formam a base para todos os ensinamentos de Deus (Mt 22:37-40). Analisemos algumas lições da igreja de Éfeso:
 
3.1 Voltar ao primeiro amor. “Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor” (Ap 2.4). O primeiro amor, é Cristo ter primazia em tudo em nossa vida. Paulo instruiu os efésios sobre a importância do amor como alicerce da vida do cristão (Ef 3:17; 4:2,16: 5:2; 6:23). Não devemos distorcer esta advertência para criar um conflito entre o amor e a verdade. Podemos defender a verdade, como os efésios fizeram e, ao mesmo tempo, praticar o amor. Foi exatamente isso que Paulo pediu aos efésios: “Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4:15).
 
3.2. Lembrar de onde caiu. “Lembra-te, pois, de onde caíste” (Ap 2.5 -a). É do ponto onde caímos que Cristo nosespera. Para os efésios se arrependerem, teriam que lembrar da comunhão com Deus que deixaram para trás. O Filho pródigo não só se lembrou da Casa do Pai, mas voltou para lá. Lembrança sem arrependimento é remorso. Essa foi a diferença entre Pedro e Judas. Arrepender é mudar a mente, é mudar a direção, é voltar-se para Deus. É deixar o pecado. É romper com o que está entristecendo o Noivo. Uma vez que caímos, é necessário desenvolver novamente o amor para com Ele.
 
3.3 Arrepender-se. “Arrepende-te” (Ap 2.5 -b). Arrependimento não é emoção, é decisão. É atitude. Não precisa existir choro, basta decisão. O arrependimento é a mudança de atitude. Quando decidimos deixar o pecado e fazer a vontade de Deus, nós nos arrependemos. O pecador precisa se arrepender para obter perdão dos pecados (At 2:38). O cristão que tropeça precisa se arrepender (At 8:22). Aqui, uma igreja cujo amor esfriou-se precisou se arrepender.
 
3.4 Voltar as primeiras obras. “Volta à prática das primeiras obras” (Ap 2.5 -c). A mudança de atitude (o
arrependimento) produzirá frutos (Mt 3:8). Pelas obras, a pessoa arrependida mostrará a sinceridade da sua decisão. A igreja em Éfeso precisava voltar à prática do amor. Não basta saber que é preciso arrepender-se. Precisamos perguntar: Para onde precisamos retornar? Para o ponto do qual nos desviamos. Retornar para um lugar qualquer só nos levaria para outros descaminhos.
 
3.5 Ouvir a voz do Espírito Santo. “Quem tem ouvidos, ouça” (Ap 2.7-a): Frequentemente, Jesus chama os ouvintes a ouvirem a sua mensagem (Mt 11:5; 13:9,43). O problema de um coração teimoso se reflete nos ouvidos tapados que recusam ouvir a verdade (Mt 13:15). Os efésios provaram àqueles que falavam, agora eles seriam provados pela maneira de ouvirem.
 
3.6 Perseverar para salvação. “Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida [...]” (Ap 2.7-c): A recompensa aguarda os vencedores que perseveram no amor e na verdade. Aqueles que desistem, abandonando para sempre o seu amor, não receberão o galardão. Aqueles que andam com Deus têm a esperança da vida no paraíso do Senhor.
 
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, o Senhor Jesus mencionou diversas qualidades da igreja de Éfeso, mas, nem por isso
deixou de mencionar o esfriamento do amor. Significa dizer que apesar de qualquer esforço, e de toda sinceridade, será gravíssimo o nosso estado espiritual se nos faltar o amor. Como disse o apóstolo Paulo: “...ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria... Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria” (1 Co 13.3-4).
 
REFERÊNCIAS
• ANDRADE, Claudionor de. Os sete castiçais de ouro. CPAD.
• __________, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.
• SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. CPAD
• STAMPS, Donald C. Biblia de Estudo Pentecostal. CPAD.
• VINE, W.E, et al. Dicionário Vine. CPAD.

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LIÇÃO 04 – ESMIRNA, A IGREJA CONFESSANTE E MÁRTIR
 
INTRODUÇÃO
Nesta lição, obteremos informações históricas a respeito de uma das sete cidades da Ásia – Esmirna.
Analizaremos o significado do seu nome, sua localização, população e religião. Veremos ainda como o evangelho chegou a ela, qual o principal pastor que apascentava aquela igreja e o seu perfil espiritual aos olhos de Cristo. Por fim, destacaremos pormenorizadamente as exortações feitas aos cristãos provados daquela igreja, quanto aos sofrimentos que ainda estavam por vir e a recompensa que Cristo lhe prometeu se permanecessem fiéis até a morte.
 
I – CONTEXTO HISTÓRICO DA CIDADE

É necessário destacar aqui algumas informações à respeito da cidade de Esmirna, a fim de compreendermos
melhor a mensagem de Cristo a ela dirigida. Vejamos algumas:
 
1.1 Nome: O nome “Esmirna” significa “mirra”, uma substância amarga, porém, extremamente odorífera, usada como perfume e muitas vezes para unção de cadáveres para propósitos aromáticos. Atualmente ela é chamada Izmir. Esta cidade desenvolveu-se até tornar-se uma das mais prósperas cidades da Ásia Menor, ao ponto de ser chamada de Coroa da Ásia. Sob o domínio do Império Romano era famosa por seu esplendor e pela magnificência de seus edifícios públicos, e era um centro de ciência e medicina;
 
1.2 Localização: Esmirna é uma cidade da província romana da Ásia, e está a 80 km ao noroeste de Éfeso, na praia do mar Egeu, dentro da atual Turquia Asiática;
 
1.3 População: No tempo que o apóstolo João escreveu esta carta, a cidade de Esmirna contava com uma população de duzentos e cinquenta mil habitantes, aproximadamente;
 
1.4 Religião: A idolatria estava presente na cultura da cidade, pois havia um rio chamado Meles, que era adorado em Esmirna. E, como colônia de Roma, praticava-se ali o culto ao imperador.
 
II – COMO ERA A IGREJA DE ESMIRNA

Conforme podemos entender do segundo tratado de Lucas, o médico amado, o evangelho provavelmente
chegou a Esmirna quando Paulo vinha de Éfeso: “E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira que todos os que habitavam na Ásia ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim judeus como gregos” (At 19.10). Portanto, Esrmina é uma das sete igrejas da Ásia, a quem Jesus Cristo enviou uma carta por intermédio do apóstolo João a fim de transmitir-lhe uma mensagem específica (Ap 1.4,11). Quando João escreveu a igreja de Esmirna, Jesus revelou-lhe o seu estado. Vejamos o que ele disse:
 
2.1 O remetente. Antes de tecer comentários sobre a igreja que estava em Esmirna, Jesus Cristo, o remetente da carta, se revela de uma forma bem especial, dizendo: “E ao anjo da igreja que está em Esmirna, escreve: Isto diz o primeiro e o último, que foi morto, e reviveu” (Ap 2.8). O Mestre mostra para a sua igreja que como Deus, Ele é Eterno (o primeiro e o último) e, como homem, é imortal: (foi morto, e reviveu);
 
2.2 “Ao anjo da igreja”. Provavelmente o anjo, ou seja, o pastor desta igreja pode estar indicando uma referência a pessoa de Policarpo; esse pastor nasceu em (69 d.C.), e morreu em (155 d.C.). Segundo registros históricos, ele foi discípulo do Apóstolo João, homem muito consagrado e o “principal pastor” da igreja de Esmirna durante o exílio de João em Patmos. Ele foi martirizado ao ser levado perante o governador e instado a negar a sua fé e o nome de Jesus, mas ele respondeu: “oitenta e seis anos o servi, e somente bens recebi durante todo tempo. Como poderia agora negar ao meu Senhor e Salvador?” (HURLBUT, p. 65). Policarpo foi queimado vivo;
 
2.3 “Eu sei”. Embora João, o escritor da carta, não estivesse presente no dia a dia da igreja, o Senhor estava. Pois ele identifica-se, como “aquele que anda no meio dos sete castiçais de ouro” (Ap 2.2), como ele mesmo prometeu (Mt 18.20), por isso para todas as sete igrejas da Ásia ele diz: “Eu sei”. Ele começou a relatar o perfil da Igreja, pois Ele é onisciente (tem todo conhecimento);
 
2.4 “As tuas obras”. A expressão “obra” do grego “ergon” significa: trabalho, ação, ato. É extremamente importante ressaltar que o cristão não é salvo pelas obras (Ef 2.8,9), no entanto é salvo para as obras (Ef 2.10). O apóstolo Paulo ensinou que somos justificados pela fé (Rm 5.1), porém Tiago também ensinou que a fé sem obras é morta (Tg 2.17). Sem dúvida alguma, não existe contradição em ambas as declarações. Muito pelo contrário, elas se completam perfeitamente. Afinal de contas, um verdadeiro cristão que crê no Senhor Jesus Cristo, demonstra sua verdadeira fé com obras. Tal qual Abraão que primeiro creu e isso lhe foi creditado como justiça (Gl 3.6), mas que aperfeiçoou a sua fé quando obedeceu à voz de divina (Tg 2.22-24);
 
2.5 “E tribulação”. No grego, o termo tribulação, é “thlipsis” que significa “pressão”, derivado de “thlibo”, que tem o sentido geral de “pressionar”, “afligir”. Jesus não era insensível as perseguições que os cristãos daquela igreja estavam enfrentando, tanto externas (por meio dos romanos), quanto internas (pelos que se diziam judeus). Tal como a mirra, que como vimos tem sabor amargo, porém é cheirosa. Os crentes de Esmirna estavam experimentando a amargura da tribulação (Ap 2.9), todavia, seu testemunho era como um bom perfume que exalava às narinas de Deus (Ap 2.10); Afinal de contas o sofrimento na vida cristã testa a qualidade da nossa fé como o ouro que o fogo prova: “Para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo” (I Pe 1.7);
 
2.6 “E pobreza, mas tu és rico”. Os crentes de Esmirna eram pobres, não por falta de trabalho, mas devido às perseguições que sofriam. Suas propriedades e bens foram confiscados pelo poderio romano, e além de tudo, esses servos de Deus, ainda sofriam encarceramento, por se oporem ao paganismo presente na cidade. No entanto, está declarado na confissão de Cristo, que eles eram ricos. Podemos nos perguntar: em que? Nas riquezas espirituais. Eles eram de fato ricos: nas obras, na fé, na oração, no amor não fingido, na leitura da Palavra de Deus. Estas coisas diante de Deus, se constituem, do ponto de vista do cristianismo as riquezas da alma (Mt 6.20; 1Tm 6.17-19).
 
III – EXORTAÇÕES E PROMESSAS FINAIS

Podemos perceber nas palavras dirigidas por Jesus a igreja de Esmirna que ela, tanto como a igreja de Filadélfia não receberam nenhuma reprovação. No entanto, mesmo sendo elogiada, foi exortada a manter-se fiel (Ap 2.10). Por fim, Cristo lhe faz promessas consoladoras a fim de recompensar aos que vencerem (Ap 2.10,11). Vejamo-nas detalhadamente:
 
3.1 Cristo prevê que um sofrimento maior estava por vir. Podemos perceber claramente na declaração de Cristo que apesar da igreja estar sofrendo no presente: “eu sei a tua tribulação”, estaria também enfrentando um sofrimento futuro, no entanto, foi estimulada a não temer: “Nada temas das coisas que hás de padecer” (Ap 2.10). Na verdade, Jesus nunca prometeu uma vida isenta de dores e provações aos seus discípulos (Jo 16.33), muito pelo contrário, sempre advertiu que os que seguissem deveriam levar a cruz (Mt 16.24). Porém, Ele prometeu estar conosco em todo tempo: “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28.20-b);
 
3.2 Cristo prevê qual seria o tipo de sofrimento. O texto nos fornece a informação de quem estava por trás da perseguição e qual seria o sofrimento experimentado pelos cristãos de Esmirna: “Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). As perseguições promovidas pelos romanos àquela igreja, com a ajuda dos judeus (os que se dizem), foram obras de Satanás. Sob alegação de que os cristãos de Esmirna estavam “traindo” o imperador, houve um encarceramento em massa, e a seguir o imperador ordenou o martírio de muitos daqueles. Segundo historiadores, em uma só catacumba de Roma foram encontrados os remanescentes ósseos de cento e setenta e quatro mil cristãos, aproximadamente;
 
3.3 Cristo prometeu galardoar os vencedores. Todo o sofrimento e provação que aqueles fiéis seguidores de Cristo, estavam enfrentando, segundo o próprio Jesus, teriam uma recompensa: “Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Ap 2.10). Assim como Cristo usou a coroa de espinhos (Mt 27.29) e depois a coroa de glória (Hb 2.9). Semelhantemente, os cristãos passariam pelo sofrimento para depois receberem dele a coroa, prometida a todos aos que o amam (Tg 1.12). Esta esperança também ardia no coração do apóstolo Paulo (II Tm 4.8). A expressão “coroa” do grego “sthepanos” diz respeito a um prêmio ou recompensa dado como símbolo de triunfo nos jogos ou competições. A Escritura denomina esta recompensa de coroa da vida (Ap 2.9); coroa da justiça (II Tm 4.8); coroa de glória (I Pe 5.4). Por isso, os cristãos foram incentivados a resistirem o pecado até a morte, cientes de que, o verdadeiro prejuízo não era a morte física, mas a espiritual, da qual eles já estavam livres, pelo sacrifício de Cristo: “Na verdade, na
verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”. (Jo 5.24).
 
CONCLUSÃO
Como pudemos ver, a cidade de Esmirna desfrutava de uma grande prosperidade material; no entanto a igreja de Cristo naquele lugar, por se opor as práticas pagãs, sofria: pobreza, perseguição e até morte. Isto fez com que Jesus lhes enviasse uma pequena carta, a menor em comparação com as outras, porém, grande em conteúdo, pois confortava aqueles cristãos que, apesar de pobres, eram ricos; mesmo perseguidos deveriam permanecer fiéis; e ainda que morressem, morreriam apenas fisicamente, pois seriam vencedores dignos da coroa da vida (Ap 2.11). Que possamos  ter estes cristãos como um exemplo de que, mesmo passando por grandes sofrimentos, por amor a Cristo, devemos permanecer firmes e inabaláveis, imitando a perseverança do nosso Senhor, que pelo gozo que lhe estava proposto tudo suportou (Hb 12.2).
 
REFERÊNCIAS
• MACARTHUR, John. Bíblia de Estudo. SBB
• HURLBUT, Jesse Lyman. História da Igreja Cristã. VIDA
• DOUGLAS, J.D. O novo dicionário da Bíblia. VIDA NOVA
• VINE, W.E et al. Dicionário Vine. CPAD
• SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo. CPAD
• BOYER, Orlando. Pequena Enciclopédia Bíblica. CPAD.

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LIÇÃO 05 – PÉRGAMO, A IGREJA CASADA COM O MUNDO
 
INTRODUÇÃO
As cartas enviadas às igrejas da Ásia nos trazem grandes lições e ensinamentos, não apenas no aspecto
histórico, mas, principalmente, espiritual. Estudando e meditando nestas cartas, somos motivados a imitar os bons exemplos daquelas igrejas, bem como evitar os mesmos erros que ocorreram nas mesmas. Nesta lição, além de estudarmos o contexto histórico e cultural da cidade de Pérgamo, veremos também a mensagem de Cristo à igreja que havia naquela cidade, tanto os aspectos positivos quando negativos, bem como a promessa de Cristo para os cristãos daquela localidade, que se aplicam a todos os vencedores.
 
I – IMPORTANTES INFORMAÇÕES SOBRE A CIDADE
 
1.1 Nome. O nome Pérgamo no grego significa “casado”. A cidade fora construída sobre uma colina cuja altura chegava a 300 metros acima da região que a circundava, sendo portanto uma fortaleza natural. Era uma cidade sofisticada, centro da cultura e da educação grega com uma biblioteca de aproximadamente 200 mil volumes.
 
1.2 Geografia. Era uma cidade da província romana da Ásia, na parte ocidental do que hoje é a Turquia. Ela havia sido a antiga capital de Átalo, uma cidade-estado doada ao império romano, em 133 a.C., estava próxima do vale do rio Caico. Tinha considerável importância comercial, política e religiosa. As principais estradas da Ásia ocidental convergiam para aquela cidade. Lá, fabricava-se unguento, vasos e pergaminhos.
 
1.3 Religião. Pérgamo era a sede de um antigo culto de mágicas babilônicas. Também um importante centro de culto ao imperador, além de se tornar a sede de quatro dos maiores cultos pagãos, a saber: a Zeus, a Atena, a Dionísio e a Asclépio. Por tudo isso, Jesus declara que a igreja habitava onde estava “o trono de Satanás” (Ap 2.13). A palavra “trono” (no grego hodierno, “thronos”), é usado no Novo Testamento como sentido de “trono real” (Lc 1.32,52), ou com o sentido de “tribunal judicial” (cf. Mt 19.28 e Lc 22.30). Alguns estudiosos tentam imaginar literalmente qual seria esse trono, e afirmam que:
 
1.3.1 Tratava-se da colina que havia por detrás da cidade, com trezentos metros de altura, na qual havia muitos templos e altares;
 
1.3.2 Tratava-se de um gigantesco altar dedicado a Zeus, construído sobre uma imensa base que estava a duzentos e quarenta metros acima do nível do mar;
 
1.3.3 Tratava-se de vários templos construídos com o propósito de oficializar o culto ao imperador.
Certamente todos esses lugares trazem consigo uma simbologia muito forte no que diz respeito “ao trono de
Satanás”, mas o significado dessa expressão certamente é espiritual, e a palavra trono de (Ap 2.13) aponta para o lugar onde Satanás exercia autoridade como se fosse um rei. Este sempre foi o desejo do Maligno, ter o seu próprio trono “E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte”. (Is 14.13).

Essa igreja aprendeu a adaptar-se ao mundo, desfrutando de seus confortos e participando de seus vícios. É bom, porém, lembrar que eles ganharam conforto, mas perderam em espiritualidade (Ap 2.14,15). Traçando um paralelo entre as igrejas da Ásia e a história do cristianismo, poderíamos correlacionar a de Pérgamo com a época da “conversão” do imperador Constantino, que publicou um edito de tolerância, o que pôs fim às perseguições contra a igreja, mas também diminuiu consideravelmente o fervor espiritual de muitos cristãos da época. Houve um casamento entre o santo e o profano, pois, ao mesmo tempo em que o cristianismo se tornou a religião oficial do Império, cultos a deuses pagãos também eram realizados.
 
II – OS PONTOS POSITIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO

Como podemos perceber, o Senhor Jesus, inicialmente, elogiou o anjo daquela igreja: “...e reténs o meu nome, e não negaste a minha fé...” (Ap 2.;13). O Senhor ainda faz menção de um Antipas, de quem nada se sabe ao certo, exceto aquilo que se depreende do texto, uma fiel testemunha (Ap 2.13). A palavra grega para “testemunha” é “mártys”. Inicialmente, esta palavra fora usada para designar todos os que davam testemunho de Cristo (At 1.8), no entanto, com as perseguições romanas passou a ser usado para designar a pessoa que morria por não negar a sua fé em Cristo (Ap 2.13-b). “Antipas, o bispo de Pérgamo, foi colocado dentro de um boi feito de bronze, e a seguir foi aquecido ao rubro. Seu corpo foi literalmente, cozido, na chama abrasadora” (SILVA, 2006. p. 22).
 
III – OS PONTOS NEGATIVOS DA IGREJA DE PÉRGAMO

Depois dos elogios, o Senhor utilizou a expressão “Mas umas poucas coisas tenho contra ti”, expressão de
reprovação, quanto à Pérgamo estava relacionada principalmente à doutrina de Balaão e à doutrina dos Nicolaítas. Vejamos em que consistiam seus ensinamentos:
 
3.1 Doutrina de Balaão. Essa doutrina tinha duas vertentes principais, a saber: a idolatria e a prostituição. As suas origens estavam no episódio ocorrido no A.T., quando os filhos de Israel estavam para invadir as campinas de Moabe, que tinha como rei, Balaque (Nm 22.1,2). Este, temendo sobremaneira o povo de Deus, contratou Balaão para amaldiçoar os israelitas (Nm 22.1-7). As intenções de Balaque eram:

• Ferir o povo e expulsá-lo da terra (Nm 22.6);
• Conquistar o favor de Balaão mediante pagamento (Nm 22.17);
• Amaldiçoar o povo de Deus através de sacrifícios a deuses pagãos (Nm 22.41);
• Insistir com Balaão até que ele o ensinasse a lançar tropeços ao povo (Nm 23.12,13,27);
 
A princípio, Balaão não satisfez o intento de Balaque e falou o que o Senhor lhe mandara (Nm 2.13-18). Porém, ao ver o prêmio oferecido pelo iníquo rei, o caráter daquele homem não suportou e ele cedeu, ensinando Balaque a lançar tropeços diante do povo de Deus (Nm 31.16). Tais tropeços se manifestaram através do pecado de prostituição, e da idolatria, que causou grande prejuízo entre os israelitas (Nm 25.1-9).A doutrina de Balaão perpassou os séculos e chegou à época neotestamentária. Tal postura foi adotada pelos falsos mestres que, mercantilistas e avarentos, sem comprometimento algum com Deus e a sua Palavra, perturbavam a igreja primitiva. Eles foram duramente combatidos pelos apóstolos (II Pe 2.15; Jd 11), e pelo próprio Senhor Jesus (Ap 2.14). Ainda hoje existem arautos de Balaão, cujo objetivo é totalmente financeiro e cujos ouvintes estão mergulhados na imoralidade e na idolatria (Rm 16.18; II Tm 3.1-4; II Pe 2.1-3). Mas a recompensa deles não dormita (II Pe 2.4-21; Jd 12,13).
 
3.2 A doutrina dos Nicolaítas. Não há certeza absoluta quanto à identidade desta seita. Porém alguns estudiosos tentam sugerir esta heresia a Nicolau, prosélito de Antioquia e que foi separado para o diaconato conforme (At 6.5). Afirmam eles que assim como os doze tiveram um apóstata, assim sucedeu com os sete diáconos, um deles apostatou. Essa argumentação também não possui respaldo bíblico.
Como já vimos em outra lição, os nicolaítas também perturbavam a igreja de Éfeso (Ap 2.6). Interessante que em Éfeso Jesus falou das obras dos nicolaítas (Ap 2.6), enquanto em Pérgamo o Senhor mencionou a sua doutrina (Ap 2.15). Certamente um ensino perverso, corrupto e lascivo, influenciado pelo gnosticismo, que pregava a malignidade da matéria, chegando à conclusão de que o corpo deveria ser exposto a toda sorte de pecado.
 
3.3 Exortações. Apesar da perseverança e fidelidade do anjo daquela igreja (Ap 2.13), havia crentes que tinham caído no engodo das doutrinas de Balaão e dos nicolaítas, o que trouxe a idolatria e a imoralidade para o seio daquela igreja (Ap 2.15). Todavia, o Senhor lhes convida ao arrependimento (Ap 2.16). A forma mais eficaz de se combater tais heresias é fazendo uso da Palavra. Por isso, Jesus se apresentou ao anjo desta igreja como “aquele que tem a espada aguda de dois gumes” (Ap 2.12), que é uma referência à Palavra de Deus (Hb 4.12). Portanto, falsos ensinamentos se combatem com a sã doutrina (II Tm 4.2-4; Tt 1.10-16; 2.1; Ap 2.16).
 
CONCLUSÃO
Era árdua a tarefa do anjo da igreja de Pérgamo, que habitava onde estava o trono de Satanás e onde
circulavam duas terríveis heresias acima citadas. Ele, porém, precisava se esforçar para manter a fidelidade ante as pressões externas e combater firme e incansavelmente os falsos ensinos que estavam levando o povo à imoralidade e à idolatria. O quadro era difícil, mas quem vencesse comeria do maná escondido e receberia um novo nome “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer darei a comer do maná escondido, e dar-lhe-ei uma pedra branca, e na pedra um novo nome escrito, o qual ninguém conhece senão aquele que o recebe” (Ap 2.17).
 
REFERÊNCIAS
• BÍBLIA de Estudo Aplicação Pessoal. CPAD.
• CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo. HAGNOS.
• ANDRADE, Claudionor Correia; Os Sete Castiçais de Ouro: A mensagem final de Cristo à Igreja
• STAMPS, Donald C.; Bíblia de Estudo Pentecostal, CPAD.
• SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse, versículo por versículo. CPAD.
• ANDRADE, Claudionor de. Dicionário Teológico. CPAD.

SITE: http://www.admoreno.com.br/escoladominical/subsidios?dl_page=2
 
“Porque a administração deste serviço, não só supre as necessidades dos santos,
mas também é abundante em muitas graças, que se dão a Deus.”    II Co 9.12.


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